Maria Germano
Vazio
23 de agosto a 11 de outubro
Curadoria – Claudio Guedes
Na Geografia de Milton Santos, o espaço é resultado de um sistema inseparável de objetos e de ações.
Na Matemática, o espaço pode ser apenas uma abstração que define as distâncias entre diferentes pontos.
Na FÃsica de Albert Einstein, o espaço é plástico, uma vez que é moldado de acordo com a massa e a densidade dos objetos nele contidos.
Nas artes, o espaço é representado a partir da explosão de sensibilidades e de ideologias individuais ou coletivas.
As artes possuem, ainda, seu caráter transgressor de representar, também, o não-espaço, ou seja, o vazio: a negação do espaço no campo da racionalidade imposta.
Mas o vazio, existe?
O espaço aparentemente vazio também está cheio de funções, significados e valores atribuÃdos temporalmente a ele. Assim, um terreno sem nenhum elemento construÃdo não é essencialmente vazio. Até mesmo o vácuo, segundo a FÃsica Quântica, possui partÃculas subatômicas e, por isso, não está vazio.
Entretanto, para a condição humana, o vazio é a concepção simbólica da solidão, do não-pertencimento e até mesmo da paz absoluta. O vazio é intrÃnseco ao ser.
Na contemporaneidade, sentir o vazio é até mais fácil quando o espaço está cheio: de informações, de objetos de consumo, de amizades virtuais, de espetáculos.
Neste tempo, os humanos tentam preencher o vazio. Os humanos temem o vazio. Os humanos se intimidam com o vazio. Os humanos chegam a desejar o vazio para, enfim, ter paz e sossego.
As artes criam a partir desse vazio. As artes surgem do vazio. As artes expõem o vazio.
E a câmera fotográfica capta o vazio.
Gustavo Nagib julho de 2014